A cidade de Nova York conta com uma travessia bastante eficiente sob o Rio Hudson, ligando a ilha de Manhattan à cidade de Nova Jersey. Essa travessia se chama Lincoln Tunnel.
São 3 tubos com média de 2,4 km de extensão cada um, e 6 pistas de rodagem, as quais são abertas ao público conforme a necessidade. Não só a abertura é controlada pelo sistema de tráfego, mas também o sentido de cada uma das pistas, conforme o momento do dia (hora do rush) ou aos finais de semana, quando muitos novaiorquinos viajam para cidades vizinhas.
Assim como tudo em NY (o primeiro metrô do mundo, o primeiro prédio mais alto do mundo), o Lincoln Tunnel também foi uma importante obra do início do Século XX. De lá para cá, muita coisa mudou, a população cresceu absurdamente e NY se tornou o centro do mundo, sem exageros.
Para regular o tráfego dentro do túnel, muita coisa precisou ser pensada. Hoje, o limite de velocidade dentro do Lincoln Tunnel é de 35 mph (cerca de 56 km/h) e são proibidas ultrapassagens. Veja bem: PROIBIDAS ULTRAPASSAGENS. Pesadas multas para quem infringir a lei. Com essas simples regras, o trânsito flui com tranquilidade, os veículos raramente param no trajeto, pois não há problemas para rodar, nem para sair do túnel no lado de Jersey. Raramente acontecem acidentes. Claro, pois acidentes em um trajeto com apenas duas saídas, seria o caos: imagine a correria, o monóxido de carbono, fogo (eventualmente)...
Por que essa história toda?
A BR 116 entre a cidade de Canoas e Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, é bem parecida com um túnel em apenas um fator: só tem duas saídas. Se ocorre um acidente nesse trecho, é esperar, esperar, esperar, pois não há como andar para a frente ou mesmo voltar. Sem chance. E com frequencia há acidentes nesse trecho.
É de se pensar em alguma solução mais simples para a saturada (há anos!) BR 116, no trecho Vale dos Sinos - Porto Alegre. A Rodovia do Parque deve ajudar, mas não será suficiente dentro de alguns anos mais. Não tem como alargar, como fazer mais elevadas.
Então, não seria o caso de se limitar a velocidade no trecho? Não seria o caso de se proibir ultrapassagens então? A terceira pista, criada em 2010 com a promessa de ajudar, só piorou, pois os veículos mais apressados rasgam a terceira pista em alta velocidade, para percorrer pouco mais de 2 km mais rapidamente que os outros. E lá na frente, causam tumultos furando a fila dos carros que vêm na outras pistas.
Com velocidade controlada, ultrapassagens coibidas, não seria exagero dizer que no horário da manhã, quando o trânsito é mais intenso, os veículos chegariam aos seus destinos mais cedo. É a coisa mais ridícula dizer que um veículo rodando a 10 km/h gaste cerca de 30 minutos (contando o tempo parado), para percorrer os pouco mais de 4 quilômetros desse trecho. Quem sai do Vale do Sinos então, leva quase 2 horas para chegar em Porto Alegre, o que levaria cerca de 40 minutos com o trânsito normal. Ano passado, um acidente no mesmo trecho, bloqueou a pista no sentido Interior-Capital, por 5 horas!
Ainda está para chegar o dia (talvez nunca chegue) em que teremos uma solução definitiva para o trânsito da BR 116, motoristas mais responsáveis, educados e sensíveis pela coletividade. Ou, quem sabe, intimidados pela cobrança de pesadas multas para que sejam educados à força a se tornarem mais responsáveis.
As experiências bem sucedidas no Lincoln Tunnel nos permite apenas a ter ideias. Vontade de fazer, de mudar, de ser educado, aí já é mais complicado...
É pedir demais?
Publiquei esse em julho de 2012. Recentemente, foram proibidas ultrapassagens em um trecho entre a estação Niteroi/Uniritter do metrô e o viaduto de acesso à freeway.
ResponderExcluirComeçou a mudar.