Ray Davies no Beacon Theatre, Nov/2011 |
No início dos anos 90, com 17, 18 anos, após já ter escutado de TNT a The Clash, de Dead Kennedys a The Smiths, de Ramones a Engenheiros do Hawaii, eu estava procurando por alguma coisa nova. Nova não no sentido de bandas novas, lançamentos, não, não. Eu estava procurando por músicas diferentes que pudessem, talvez, viabilizar o início de uma coleção. O que eu queria mesmo era montar uma coleção de algum artista, já que àquelas alturas eu escutava de tudo. Mas não tinha foco em nada.
Conversei com primos que entendiam um pouco mais de música do que eu, pra ver o que eu poderia avaliar. Um deles sugeriu Beatles. E eu pensei: "pode ser uma boa, tem aquela do Curtindo a Vida Adoidado; Beatles deve ser bom". Não conhecia direito os Beatles, mas fui logo atrás de um álbum caras: acabei comprando o "Revolver", de 1966. Definitivamente, não gostei. Não era o tipo de som que eu estava procurando. Tudo bem, posso ter começado pelo disco errado, mas realmente não gostei dos Beatles. Aliás, não gosto até hoje. Mas isso é outra história...
Volto a falar com meus primos: "ah, mas tem aquela dos Ramones que tu gostas, a Surfin' Bird, é do Trashmen, tu já escutou a original?". Original??? Mas como pode haver a original de uma música lançada pelos Ramones? Fui mais a fundo: descobri que "Surfin' Bird" tinha sido lançada em 1964 pelo Trashmen e que também haviam outros nomes na música britânica, além dos Beatles, todos contemporâneos. Foi então que cheguei a outros nomes: Gerry & The Pacemakers, Yardbirds, Rolling Stones, Led Zeppelin, The Who, Dave Clark Five, The Kinks, entre outros.
Como garimpar material sobre essas bandas? Como naquela época não existia o MP3 nem internet para procurar, o jeito era arranjar emprestado. E foi assim que coletei alguns discos de primos e amigos e fui pra casa com The Who, The Doors, Yardbirds e uma coletânea dos maiores sucessos de 1964 a 1970, de um tal The Kinks. Sobre o The Who, meu primo Marcelo advertiu: "isso é coisa boa, tu deves gostar".
Escutei todos os discos que tinha levado pra casa. Rolling Stones, não deu. Yardbirds, me pareceu meio acelerado demais e aquilo me irritava. Achei que The Doors pudesse ser uma boa, pois cheguei a comprar dois discos para conhecer mais um pouco. Ainda não era: a melancolia do Jim Morrison dava sono. O The Who, "coisa boa" indicada pelo Marcelo, passou longe. Foi quando decidi prestar um pouco mais atenção naquele The Kinks que estava lá em casa ainda. Uma faixa, outra faixa, mais outra. As músicas eram bem parecidas com os Beatles, mas alguma coisa chamava a atenção. Procurei mais material sobre os Kinks.
Tinha um cara de uma loja de discos em cidade vizinha de onde eu morava, que tinha a coleção inteira dos Kinks, segundo ele, em vinis importados. No início dos anos 90, os importados eram impensáveis, caríssimos, pouca gente tinha. Mas ele prestava um serviço de pirataria interessante: ele gravava em fita cassete o disco que a gente queria, ao preço módico de um LP de qualquer banda que interessasse pra ele. Uma picaretagem só, mas era o que se tinha naquela época. E a galera nenhum pouco preocupada com os direitos autorais dos artistas.
Lembro de ter negociado a gravação do primeiro disco dos Kinks, para conhecer o trabalho desde a origem. Gostei. Negociei a gravação do segundo. Era melhor que o primeiro. Quando cheguei na gravação do álbum chamado Preservation Act 1, concluí que havia descoberto o som que eu estava procurando. Anos depois, eu já conhecia todo o trabalho dos Kinks, do início, até o álbum de despedida, The Road. Virei fã mesmo. Nota: eu montei toda a coleção dos Kinks, nos anos seguintes, com CDs originais.
Escutei todos os discos que tinha levado pra casa. Rolling Stones, não deu. Yardbirds, me pareceu meio acelerado demais e aquilo me irritava. Achei que The Doors pudesse ser uma boa, pois cheguei a comprar dois discos para conhecer mais um pouco. Ainda não era: a melancolia do Jim Morrison dava sono. O The Who, "coisa boa" indicada pelo Marcelo, passou longe. Foi quando decidi prestar um pouco mais atenção naquele The Kinks que estava lá em casa ainda. Uma faixa, outra faixa, mais outra. As músicas eram bem parecidas com os Beatles, mas alguma coisa chamava a atenção. Procurei mais material sobre os Kinks.
Tinha um cara de uma loja de discos em cidade vizinha de onde eu morava, que tinha a coleção inteira dos Kinks, segundo ele, em vinis importados. No início dos anos 90, os importados eram impensáveis, caríssimos, pouca gente tinha. Mas ele prestava um serviço de pirataria interessante: ele gravava em fita cassete o disco que a gente queria, ao preço módico de um LP de qualquer banda que interessasse pra ele. Uma picaretagem só, mas era o que se tinha naquela época. E a galera nenhum pouco preocupada com os direitos autorais dos artistas.
Lembro de ter negociado a gravação do primeiro disco dos Kinks, para conhecer o trabalho desde a origem. Gostei. Negociei a gravação do segundo. Era melhor que o primeiro. Quando cheguei na gravação do álbum chamado Preservation Act 1, concluí que havia descoberto o som que eu estava procurando. Anos depois, eu já conhecia todo o trabalho dos Kinks, do início, até o álbum de despedida, The Road. Virei fã mesmo. Nota: eu montei toda a coleção dos Kinks, nos anos seguintes, com CDs originais.
Os Kinks encerraram a carreira como Banda no início dos anos 90, sendo que cada um dos artistas tomaram caminhos distintos. Os irmãos Davies (Ray e Dave) se desentenderam no meio do caminho e se separaram.
Dave Davies está em carreira solo, mas não faz muito sucesso. Os demais integrantes, como Mick Avory, John Dalton e Ian Gibbons, têm tocado juntos o Kast off Kinks, um spin off que roda o Reino Unido levando o som dos Kinks para os fãs e é formada por todos os integrantes da banda, em épocas diferentes.
Ray Davies se tornou o Kink mais bem sucedido, após a dissolução da banda. Em carreira solo regular desde 1995, tem feito apresentações dividindo-se entre Europa e América do Norte, bem como algumas localidades do Japão.
Em 2011, tive a oportunidade de ver um show do Ray Davies ao vivo, em um teatro histórico de Manhattan, junto com meu irmão, Felipe, que não é fã. Segundo meus amigos, viajamos para ver um artista "que mais ninguém conhece". Provavelmente porque eles escolheram um disco diferente do que eu escolhi para conhecer os Beatles...
De qualquer forma, eu sempre digo: historicamente, Ray Davies está para os Kinks, assim como Paul McCartney está para os Beatles. Sem exageros.
Dave Davies está em carreira solo, mas não faz muito sucesso. Os demais integrantes, como Mick Avory, John Dalton e Ian Gibbons, têm tocado juntos o Kast off Kinks, um spin off que roda o Reino Unido levando o som dos Kinks para os fãs e é formada por todos os integrantes da banda, em épocas diferentes.
Ray Davies se tornou o Kink mais bem sucedido, após a dissolução da banda. Em carreira solo regular desde 1995, tem feito apresentações dividindo-se entre Europa e América do Norte, bem como algumas localidades do Japão.
Em 2011, tive a oportunidade de ver um show do Ray Davies ao vivo, em um teatro histórico de Manhattan, junto com meu irmão, Felipe, que não é fã. Segundo meus amigos, viajamos para ver um artista "que mais ninguém conhece". Provavelmente porque eles escolheram um disco diferente do que eu escolhi para conhecer os Beatles...
De qualquer forma, eu sempre digo: historicamente, Ray Davies está para os Kinks, assim como Paul McCartney está para os Beatles. Sem exageros.
Acho que agora entendi um pouco mais sobre os Kinks :). E a última frase deixou bem claro o porque de ver o show do Ray Davies. Obrigado por ter me levado lá pra ver o show e assim como fizeram os primos, ter apresentado algo bom. Por que hoje em dia é só "Eu quero Tchun! Eu quero Tcha!" ehehehhe. Bons tempos em que existiam bandas incríveis!! Falow
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