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quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

Por que The Kinks?


Ray Davies no Beacon Theatre, Nov/2011
 
No início dos anos 90, com 17, 18 anos, após já ter escutado de TNT a The Clash, de Dead Kennedys a The Smiths, de Ramones a Engenheiros do Hawaii, eu estava procurando por alguma coisa nova. Nova não no sentido de bandas novas, lançamentos, não, não. Eu estava procurando por músicas diferentes que pudessem, talvez, viabilizar o início de uma coleção. O que eu queria mesmo era montar uma coleção de algum artista, já que àquelas alturas eu escutava de tudo. Mas não tinha foco em nada.
 
Conversei com primos que entendiam um pouco mais de música do que eu, pra ver o que eu poderia avaliar. Um deles sugeriu Beatles. E eu pensei: "pode ser uma boa, tem aquela do Curtindo a Vida Adoidado; Beatles deve ser bom". Não conhecia direito os Beatles, mas fui logo atrás de um álbum caras: acabei comprando o "Revolver", de 1966. Definitivamente, não gostei. Não era o tipo de som que eu estava procurando. Tudo bem, posso ter começado pelo disco errado, mas realmente não gostei dos Beatles. Aliás, não gosto até hoje. Mas isso é outra história...
 
Volto a falar com meus primos: "ah, mas tem aquela dos Ramones que tu gostas, a Surfin' Bird, é do Trashmen, tu já escutou a original?". Original??? Mas como pode haver a original de uma música lançada pelos Ramones? Fui mais a fundo: descobri que "Surfin' Bird" tinha sido lançada em 1964 pelo Trashmen e que também haviam outros nomes na música britânica, além dos Beatles, todos contemporâneos. Foi então que cheguei a outros nomes: Gerry & The Pacemakers, Yardbirds, Rolling Stones, Led Zeppelin, The Who, Dave Clark Five, The Kinks, entre outros.
 
Como garimpar material sobre essas bandas? Como naquela época não existia o MP3 nem internet para procurar, o jeito era arranjar emprestado. E foi assim que coletei alguns discos de primos e amigos e fui pra casa com The Who, The Doors, Yardbirds e uma coletânea dos maiores sucessos de 1964 a 1970, de um tal The Kinks. Sobre o The Who, meu primo Marcelo advertiu: "isso é coisa boa, tu deves gostar".

Escutei todos os discos que tinha levado pra casa. Rolling Stones, não deu. Yardbirds, me pareceu meio acelerado demais e aquilo me irritava. Achei que The Doors pudesse ser uma boa, pois cheguei a comprar dois discos para conhecer mais um pouco. Ainda não era: a melancolia do Jim Morrison dava sono. O The Who, "coisa boa" indicada pelo Marcelo, passou longe. Foi quando decidi prestar um pouco mais atenção naquele The Kinks que estava lá em casa ainda. Uma faixa, outra faixa, mais outra. As músicas eram bem parecidas com os Beatles, mas alguma coisa chamava a atenção. Procurei mais material sobre os Kinks.

Tinha um cara de uma loja de discos em cidade vizinha de onde eu morava, que tinha a coleção inteira dos Kinks, segundo ele, em vinis importados. No início dos anos 90, os importados eram impensáveis, caríssimos, pouca gente tinha. Mas ele prestava um serviço de pirataria interessante: ele gravava em fita cassete o disco que a gente queria, ao preço módico de um LP de qualquer banda que interessasse pra ele. Uma picaretagem só, mas era o que se tinha naquela época. E a galera nenhum pouco preocupada com os direitos autorais dos artistas.

Lembro de ter negociado a gravação do primeiro disco dos Kinks, para conhecer o trabalho desde a origem. Gostei. Negociei a gravação do segundo. Era melhor que o primeiro. Quando cheguei na gravação do álbum chamado Preservation Act 1, concluí que havia descoberto o som que eu estava procurando. Anos depois, eu já conhecia todo o trabalho dos Kinks, do início, até o álbum de despedida, The Road. Virei fã mesmo. Nota: eu montei toda a coleção dos Kinks, nos anos seguintes, com CDs originais.
 
Os Kinks encerraram a carreira como Banda no início dos anos 90, sendo que cada um dos artistas tomaram caminhos distintos. Os irmãos Davies (Ray e Dave) se desentenderam no meio do caminho e se separaram.

Dave Davies está em carreira solo, mas não faz muito sucesso. Os demais integrantes, como Mick Avory, John Dalton e Ian Gibbons, têm tocado juntos o Kast off Kinks, um spin off que roda o Reino Unido levando o som dos Kinks para os fãs e é formada por todos os integrantes da banda, em épocas diferentes.

Ray Davies se tornou o Kink mais bem sucedido, após a dissolução da banda. Em carreira solo regular desde 1995, tem feito apresentações dividindo-se entre Europa e América do Norte, bem como algumas localidades do Japão.

Em 2011, tive a oportunidade de ver um show do Ray Davies ao vivo, em um teatro histórico de Manhattan, junto com meu irmão, Felipe, que não é fã. Segundo meus amigos, viajamos para ver um artista "que mais ninguém conhece". Provavelmente porque eles escolheram um disco diferente do que eu escolhi para conhecer os Beatles...

De qualquer forma, eu sempre digo: historicamente, Ray Davies está para os Kinks, assim como Paul McCartney está para os Beatles. Sem exageros.

Monza 2013?

 
 
 
A GM publicou hoje (07/02/2013) a prévia do novo sedã que será lançado no final desse mês de fevereiro/2013 no Brasil. A imagem é propositalmente escura e os destaques ficam por conta das linhas arredondadas na penumbra e as sinaleiras vermelhas ligadas. Provavelmente o Ônix sedã ou o Novo Prisma 2013, mas ninguém sabe.
 
Pois resolvi escrever o que tenho insistido desde o lançamento do Cruze no final de 2011, pela própria GM: por que não relançam o Monza?
 
A Volkswagen, por exemplo, já trouxe de volta o Voyage, um grande sucesso dos anos 80, e agora programa o retorno do Santana para o final de 2013 (modelo 2014). Lembro do sucesso desses veículos nos anos 80. Quem tinha um Monza, era gente de respeito. Um Santana, era o sujeito que queria um carro grande, imponente e muito provavelmente, fiel à Volkswagen. Provavelmente, quem está a procura de um carro desse porte, voltaria a ter o mesmo modelo que tinha no passado. Fidelidade não só à marca, mas também ao modelo.
 
O mercado brasileiro tem recebido nos últimos anos, uma onda de lançamentos de novos modelos e versões, muito por conta da aposta das montadoras para sair da crise instalada em países da Europa. Porém, com exemplos da Volkswagen, um novo projeto ou a importação de um modelo consagrado no exterior, pode não ser a melhor aposta.
 
Vamos aguardar o lançamento.
 
Vai que a GM está programando uma surpresa para o final do mês?

segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

Wings - Asas (1927)




Conforme prometido, aqui vão os comentários sobre o filme Asas, de 1927. Não quero bancar o entendido de cinema, coisa e tal. O objetivo é só escrever mesmo, pois ninguém em pleno 2013 deve procurar o filme nas lojas para assisti-lo em casa. Só eu mesmo...

A expectativa em assistir o filme era grande. Sim, afinal eu tinha me comprometido a postar aqui meus comentários a respeito da "grande obra" de 1927. Entre aspas não por deboche, mas sim por estar preparado para ir para a frente da TV para assistir um trabalho sem a grandiosidade que o cinema tem hoje, sem tecnologia de efeitos, montagem, figurino ou som. Ou seja, para um filme de quase 100 de idade, obviamente que não se podia esperar muito, pois os recursos eram certamente bem limitados.
 
Quanto a efeitos especiais, nem se fala. Provavelmente seria ridículo em relação aos castelos da Terra Média de Peter Jackson em Senhor dos Anéis ou das misteriosas espaçonaves de George Lucas em Guerra nas Estrelas. Talvez nem existisse a preocupação em relação à montagem. O Diretor provavelmente teria gravado de uma cena só e depois veio cortando e cortando, até chegar na edição final para os cinemas. Figurino da época? Ah, me poupe...
 
Seria demais dizer que o filme é surpreendente, ou seria frase-feita dizer que é um "milagre da sua época". Não, não. Mas de qualquer forma, Asas é um filme bom. Lembre-se: para a época! Claro que é dureza assistir, em pleno 2013, mais de 2 horas de um trabalho em preto e branco e, além disso, mudo. Mas, vá lá, depois de 4 tempos de 30 minutos (sim, não tem como parar 2 horas seguidas para assistir Asas), dá para tirar alguma coisa boa do filme. Ah, convém lembrar que o melhor filme de 2011 (premiado pela Academia em 2012), foi The Artist, em preto e branco e... mudo!
 
Tudo bem, Asas é um drama de guerra, com história de amor, ódio, traições e uma grande amizade. Muito se falou em relação à forte relação de amizade entre os dois principais personagens, mas é um filme ingênuo, lento, bobo até em algumas cenas. As "grandiosas batalhas aéreas" do filme são consideradas as melhores da história do cinema. Considero um exagero, mas claro que para a época, pelos recursos disponíveis, imagino a dificuldade que foi para fazer aquelas cenas. Além de Melhor Filme, Asas ganhou o prêmio Melhor Efeitos de Engenharia, o equivalente atual a Melhores Efeitos Especiais. Pudera, as bolhas que ilustravam o personagem bêbado, justificaram o prêmio...
 
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Ficha Técnica: (Fonte: cineclick.com.br)

Sinopseo filme traz a história de John (Buddy Rogers) e David (Richard Arlen), dois pilotos de bombardeiros durante a I Guerra Mundia. Surge uma grande amizade, posta à prova quando ambos se apaixonam por uma mesma garota, Mary (Clara Bow), uma enfermeira da Cruz Vermelha. A guerra e suas consequências ameaçam as vidas e os sonhos dos três.

Duração: 141 minutos

Gênero: Drama de Guerra

Produção: Estados Unidos

Direção:William A. Wellman

Elenco principal: Clara Bow, Charles "Buddy" RogersRichard Arlen, Gary Cooper

Estúdio: Paramount Pictures

quarta-feira, 2 de janeiro de 2013

E o Oscar vai para...





Claro que iniciar um texto com uma chamada dessas sempre chama a atenção do leitor. Obviamente que esse texto tem relação próxima com o Award da Academia. Pois bem, vamos lá...


Nos final dos anos 90, meu interesse por cinema começou a ficar mais intenso. Lia livros, revistas especializadas e não perdia um lançamento sequer que estivesse nos cinemas. Todos os anos, tentava assistir os títulos que concorriam ao maior prêmio do cinema, para fazer minhas próprias apostas e "conferir" os resultados na noite da cerimônia. Uma grande bobagem, pelos motivos que explico adiante, mas era um divertimento e tanto.


Anos se passaram e já não tenho o mesmo pique daqueles anos: difícil acompanhar um lançamento nos cinemas, não leio mais a revista SET e não lembro de ter assistido um filme inteiro sem interrupção. Tempo diferente, totalmente diferente.

De qualquer forma, de lá para cá, consegui montar uma pequena coleção que começou em 2000, depois de uma conversa com um amigo, o Carlos. Comentando sobre alguns filmes em cartaz nos cinemas e os recentes premiados da Academia, o Carlos me perguntou quais eram as apostas para aquele ano. Depois, me perguntou quantos filmes eu tinha. "Uns 30" - respondi, "incluindo os últimos 4 ganhadores do Oscar de melhor filme". Foi quando o Carlos comentou: "mas você deve completar essa coleção. Até o 'Asas' você tem que ter". Fingi que tinha entendido, mas não. Eu acreditava que sabia tudo de cinema até então. Mas não sabia que raios de filme chamado "Asas" o Carlos estava se referindo.

Mais tarde, após rápida pesquisa, descobri que o "Asas" foi o primeiro filme premiado pela Academia com o Oscar de melhor filme. Era um filme mudo, de 1928, em preto e branco. Fiquei curiosíssimo para assistir o filme, parecia interessante. Naquele momento, tinha encontrado o critério de coleção que há muito estava procurando: todos os ganhadores do Oscar, desde a primeira edição.

Sempre me interessei por filmes. Via qualquer coisa: desde as comédias da Sessão da Tarde até os mais "sérios" da Tela Quente. Mas eram filmes contemporâneos e eu já queria ver coisas mais antigas: quem é Alfred Hitchcock? Por que Cidadão Kane mudou a história do cinema? Cantando na Chuva é tudo o que falam mesmo? Que história é essa de cinema mudo? Queria conhecer filmes de todas as épocas, entender a evolução do cinema até os dias atuais. Então, naquela conversa com o Carlos decidi iniciar a coleção a partir de todos os títulos ganhadores do Oscar de melhor filme. Já era um critério, pois teria condição de conhecer o cinema desde 1927 (premiação em 1928), ano da primeira produção, o Asas (do original, Wings). Sim, vamos ignorar o fato de a Academia ser frequentemente qualificada por dar prêmios a quem não merece, de lobby para premiar esse ou aquele título. Sim, vamos ignorar esses fatos. O objetivo seria montar uma coleção com títulos de todas as épocas, com o único objetivo de conhecer o que o cinema fez para chegar até onde chegou, relacionar alguns títulos com o tempo e tecnologia disponíveis, "avaliar" os concorrentes e entender os injustiçados (e só agora entendo porque Cantando na Chuva é considerado como a maior injustiça do cinema sem sequer ter sido indicado à premiação de melhor filme) e por aí vai. Anos mais tarde incluí um novo critério: incluir também os vencedores na categoria melhor filme de animação (até agora são 11 títulos), Tenho também alguns clássicos, alguns títulos franceses, outros italianos. Entre os mais admirados, claro, Cantando na Chuva ganha de goleada.

No ano passado (2012), encontrei o último filme que faltava para completar a coleção de 84 filmes até aqui, na categoria principal: Cimarron, de 1931. Encontrei na Amazon do Reino Unido. Tudo bem que a imagem é de péssima qualidade e de origem suspeita, mas não tinha outro jeito: só faltava esse.

Ainda não assisti todos os 84 filmes, nem os 11 de animação. Pretendo fazê-lo até o final de 2013. Até porque, se encontrar outro critério para iniciar nova coleção de filmes, o estoque será grande para vencer.

Volto na próxima postagem de cinema, com "Asas" (Wings), de 1928.