O problema do problema
do design – Resenha
A ideia central do
artigo de Kees Dorst é apresentar como os designers enfrentam os problemas de
design e como os níveis de especialização são importantes para a compreensão
das situações encontradas. Além disso, o autor procura esclarecer porque os
designers tomam as ações que tomam, bem como a forma de propor soluções a
partir dos mesmos níveis de especialização, para o desenvolvimento dos projetos,
conforme a estrutura dos problemas de design.
Dorst inicia o artigo apresentando
os problemas do design sob três naturezas: os problemas parcialmente determinados,
os subdeterminados e os não-determinados. Se design está relacionado com
“resolver problemas”, o designer precisa logo iniciar compreendendo o problema,
camada por camada, para desenvolver soluções apropriadas para cada situação. Dorst
também traz a discussão a respeito dos paradigmas de Schön e Simon. Por um
lado, Simon diz que o design é visto como um processo racional de solucionar
problemas. Do outro, Schön descreve o design como uma prática reflexiva.
Em uma entrevista de Massimo
Vignelli, incluída na compilação “Design em Diálogo”, ele diz que “não existe solução de problemas em termos
absolutos. Sempre é uma interpretação de um problema”. Além de justificar o
caráter objetivo e subjetivo do designer referido por Dorst no artigo, tal leitura
justifica ainda os níveis de especialização, os quais são determinantes para o
entendimento do problema e para a proposição das soluções inovadoras para todos
interessados, por parte do designer.
Em função disso,
justificam-se justamente as questões colocadas por Dorst (trazidas de Hubert Dreyfus),
em razão da especialização necessária para cada tipo de problema, as cinco
maneiras de perceber, interpretar, estruturar e solucionar problemas: i)
novato, ii) iniciante, iii) competente, iv) proficiente e v) perito. Dorst,
2004, ainda refere outros dois níveis dentro do modelo de desenvolvimento da
especialização do design: mestre e visionário. Todas as etapas, consideradas
como “modelo de desenvolvimento” da especialização em design, podem ser
consideradas como uma forma evolutiva para o próprio designer. Uma forma de
evolução, de aprendizado.
Complementarmente,
entende-se que as especializações também vêm acompanhadas da carga pessoal que
os designers trazem, o que faz com que tomem as decisões com base também nas
suas experiências e repertório pessoal, o que torna impossível realizar uma
classificação taxonômica apropriada dos problemas de design. Assim, as
experiências do designer são também importantes para que ele conduza os
processos de entender as camadas dos problemas para apresentação de uma
solução adequada.
DORST, K. 2003. The problem of Design Problems. In: Design Thinking
Research Symposium. Sydney: Sydney University of Technology, 2003.
DORST, K. REYMEN, Isabelle. 2004. Levels of expertise in Design
Education. International Engineering and Product Design Education Conference:
Holanda, 2004.
HELLER, S. PETTIT, E. 1998. Design em diálogo. COSAC Naify: Brasil, 2013.